O dia 15 do julgamento de Sam Bankman-Fried (SBF) começou com a acusação continuando o interrogatório do réu e concluiu com a defesa encerrando o seu caso e preparando-se para os argumentos finais.
Os procedimentos do dia giraram em torno do exame minucioso do relacionamento da SBF com o governo das Bahamas, do tratamento de fundos de clientes e de questões de transparência. A defesa realizou um exame reorientado para esclarecer a posição do ex-bilionário sobre alguns dos pontos levantados pela acusação.
A promotoria também disse que não pretende mais trazer testemunhas de refutação para depor, o que significa que o julgamento provavelmente terminará mais cedo do que o esperado.
O interrogatório continua
A promotoria iniciou a discussão com perguntas sobre o relacionamento da SBF com o governo das Bahamas, especificamente com o primeiro-ministro Philip Davis.
A SBF reconheceu ter cultivado relações com alguns membros do governo. No entanto, quando questionada sobre as discussões relacionadas ao pagamento da dívida nacional das Bahamas, a SBF alegou não se lembrar.
A promotoria continuou questionando a SBF sobre seu envolvimento em ajudar o filho do PM a conseguir um emprego, ao que a SBF respondeu que conversou com ele, mas não se lembrava dos detalhes.
AUSA Sassoon perguntou então se a SBF alguma vez se gabou de que Ryan Salame era essencialmente um membro do governo das Bahamas. A SBF voltou a afirmar que não se lembrava.
A promotoria apresentou provas na forma de uma exposição, conhecida como “Projeto Chinchilla Chatter”, que incluía uma mensagem onde a SBF reconhecia o nome de Ryan Salame. A SBF admitiu ter escrito a mensagem.
AUSA Sassoon pressionou ainda mais, perguntando se a SBF havia cedido ao primeiro-ministro das Bahamas assentos laterais na Miami Heat Arena. A SBF afirmou não se lembrar de tal acontecimento. No entanto, a promotoria apresentou uma mensagem onde a SBF mencionava que o PM estava nas cadeiras do tribunal da FTX com sua esposa.
A linha de questionamento mudou então para as interações da SBF com figuras proeminentes, incluindo Bill Clinton e Tony Blair. A SBF confirmou que os havia convidado para um evento, mencionando sua apresentação a Bill Clinton por meio de Michael Kives.
A promotoria exibiu um vídeo apresentando a SBF ao lado de Bill Clinton, Tony Blair, Katy Perry e Orlando Bloom para consolidar ainda mais seu ponto de vista.
Sassoon questionou se a SBF permitiu que o primeiro-ministro das Bahamas retirasse fundos. A SBF esclareceu que foi outro membro do governo que buscou saques.
A promotoria apresentou um e-mail supostamente autorizando os clientes bahamenses a se retirarem e serem curados, o que a SBF confirmou. Porém, a SBF explicou que essa autorização foi por um curto período.
Em relação a questões financeiras, Sassoon perguntou se os bancos estavam relutantes em realizar transações com uma exchange criptográfica. A SBF expressou incerteza sobre o significado de “transacionar” neste contexto. A promotoria também o questionou sobre suas ações depois de descobrir o déficit de US$ 8 bilhões.
A SBF disse que soube do bug que causou a discrepância, mas não perguntou sobre o assunto.
A promotoria então se concentrou em uma questão financeira relacionada à Dimensão Norte, perguntando se a SBF tinha conhecimento de depósitos direcionados para lá. A SBF admitiu ter tomado conhecimento disso em algum momento, mas observou que não mencionou a Alameda Research.
A promotoria também perguntou à SBF se ele havia divulgado que a Alameda estava gastando com depósitos de clientes. O ex-bilionário afirmou acreditar não ter revelado o fato e lamentou não ter feito isso.
O questionamento foi concluído com AUSA Sassoon perguntando sobre os indivíduos das equipes de negociação e liquidação. A SBF disse não se lembrar de detalhes específicos sobre as funções específicas dos funcionários.
Defesa tenta esclarecer posição da SBF
Após intenso interrogatório, a equipe de defesa da SBF aproveitou a oportunidade para questionar seu cliente durante o reexame direto. Isso permitiu à SBF fornecer contexto e nuances às suas respostas e reforçar certos aspectos do seu testemunho.
A defesa abordou principalmente as preocupações relativas ao envolvimento da SBF no litígio Robin Hood. A SBF explicou que seu advogado foi designado para cuidar da devolução das ações à falência e que sua intenção não era exercer o controle sobre essas ações.
Este esclarecimento enfatizou que ele estava seguindo os procedimentos legais relativos às ações da Robin Hood.
A defesa também investigou a familiaridade da SBF com o banco de dados AWS. A SBF explicou que se familiarizou com a base de dados, indicando um entendimento geral de seu funcionamento. Este insight provavelmente foi fornecido para esclarecer o nível de envolvimento da SBF nos aspectos técnicos da plataforma FTX.
O exame redirecionado permitiu à SBF enfrentar os desafios associados ao gerenciamento de contas de clientes e à complexidade do negócio de troca de criptomoedas. A SBF provavelmente pretendia transmitir que administrar tal plataforma envolvia responsabilidades complexas e multifacetadas.
Consideração de cobrança
A acusação e a defesa aceitaram uma barra lateral para consideração da acusação no final do processo. A barra lateral girou em torno de debates sobre a linguagem usada na acusação, com o advogado da SBF se opondo às acusações que omitiam a teoria da apropriação indébita.
A defesa enfatizou a necessidade de especificidade na acusação. Contudo, o Juiz Kaplan rejeitou esta objecção, destacando a importância da clareza nas acusações.
A acusação levantou preocupações sobre a linguagem da acusação relacionada com encargos de financiamento de campanha. A promotoria solicitou que o termo “suposto” fosse eliminado quando se referisse a doações de palha. A defesa não se opôs a esse ajuste.
A acusação também procurou incluir uma instrução do júri sobre o conceito de evasão consciente, particularmente à luz da alegação da SBF de que ele ouviu informações sobre certas questões financeiras, mas não tomou medidas. A defesa se opôs a esta instrução, mas ela acabou sendo incluída na acusação.
Um passo mais perto do veredicto
Concluídos o interrogatório e o reexame direto, o julgamento da SBF se aproxima de sua conclusão. A próxima fase envolverá as alegações finais, durante as quais tanto a acusação como a defesa apresentarão as suas alegações finais ao júri.
A acusação e a defesa estimaram que as suas declarações finais durariam aproximadamente duas a três horas cada. No entanto, a possibilidade de o julgamento se estender até quinta-feira suscitou considerações para o Jurado 3, que tem voo para comparecer no mesmo dia.
Embora o advogado da SBF tenha proposto nomear um jurado alternativo para acomodar os planos de viagem do Jurado 3, a promotoria não estava preparada para consentir com essa ideia. Como resultado, o julgamento pode ser interrompido na quinta-feira, dependendo do andamento das alegações finais.
Os argumentos finais proporcionarão a ambos os lados a oportunidade de resumir os seus casos e persuadir o júri antes do início das deliberações.
A promotoria também solicitou a apresentação de refutação após as alegações finais da defesa. A defesa não se opôs à proposta, indicando vontade de acomodá-la.
À medida que o julgamento se aproxima da conclusão, o destino de Sam Bankman-Fried estará em breve nas mãos do júri, que determinará o veredicto com base nas provas e argumentos apresentados ao longo do julgamento.
source – cryptoslate.com