Um tribunal no Brasil autorizou o uso de tokens não fungíveis (NFTs) para notificar os réus não identificados em um caso envolvendo bitcoins ausentes (BTC) vinculados a um suposto esquema de pirâmide, o BWA Brasil.
A decisão decorre da ação legal apresentada pelo administrador nomeado pelo tribunal da propriedade falida da BWA Brasil, buscando interromper o estatuto de limitações em reivindicações relacionadas a ativos de criptografia supostamente adquiridos usando fundos de credores.
A propriedade solicitou que o tribunal permitisse o serviço digital do processo, cunhando as NFTs contendo os documentos legais relevantes e transmitindo -os a endereços da carteira envolvidos nas transações iniciais.
A decisão declarou:
“Os credores que sofreram perdas multimilionários não podem ser mais prejudicados por atrasos legislativos para acompanhar a inovação tecnológica. Portanto, autorizo o administrador nomeado pelo tribunal a tomar todas as ações necessárias para realizar a notificação desse protesto interrompido [which interrupts lawsuit deadlines] via comunicação eletrônica usando NFTs. ”
Além disso, o Ministério Público apresentou uma opinião favorável, apoiando a petição do administrador.
A medida tem como alvo os detentores de ativos digitais cujas identidades permanecem desconhecidas, mas possuem endereços de carteira que são rastreáveis através da blockchain Bitcoin.
O patrimônio afirma que aproximadamente 11.200 BTC foram adquiridos usando fundos de credores. A preços atuais, 11.200 Bitcoin vale mais de US $ 900 milhões.
De acordo com o arquivamento, essas transações ocorreram antes da falência e agora estão sujeitas a possíveis procedimentos de recuperação.
Um grande esquema
A BWA Brasil foi fundada em 2017 por Paulo Roberto Ramos Bilibio e se apresentou como uma empresa de investimentos que oferece exposição ao BTC. Ofereceu retornos mensais fixos de 5% nos depósitos dos clientes, um resultado impossível com base em um ativo de retorno variável, como o Bitcoin.
No entanto, a empresa congelou as retiradas no início de 2020, deixando os clientes com perdas estimadas em R $ 300 milhões – aproximadamente US $ 52,2 milhões. As autoridades estimaram que esta é uma das maiores perdas do Brasil vinculadas a um suposto esquema de pirâmide de criptografia.
Em julho de 2020, um tribunal brasileiro aprovou o pedido da BWA para a recuperação judicial, alegando que reembolsaria seus clientes. No entanto, menos de um ano depois, outra ordem judicial mudou o processo da recuperação judicial para a falência, alegando que a empresa não fez nenhum esforço para pagar a seus clientes.
Bilibio e sua parceira, Jessica da Silva Farias, supostamente usaram o dinheiro retido pela BWA para comprar o Bitcoin. Ambos permanecem soltos e ainda não foram presos.
A rastreabilidade do blockchain permite novos processos legais
O administrador destacou que, apesar do anonimato dos endereços da carteira, a arquitetura técnica do Bitcoin permite o rastreamento de moedas individuais. Uma vez recebido em uma carteira, o BTC pode ser transferido repetidamente, mas cada transação é permanentemente registrada na blockchain.
O arquivamento reconheceu que alguns ativos foram movidos por trocas centralizadas, enquanto outros podem ter sido transferidos por métodos ponto a ponto que ignoram os intermediários de terceiros.
As autoridades podem ser capazes de identificar os beneficiários finais em casos que envolvem trocas domiciliadas no Brasil, onde as entidades são obrigadas a relatar transações de usuário ao Serviço Federal de Receita.
No entanto, as transferências ponto a ponto usando a criptografia assimétrica apresentam desafios significativos para a atribuição, fazendo notificação direta através do blockchain uma inovação processual necessária.
O uso de NFTs para iniciar a notificação legal marca uma adaptação das normas processuais para acomodar as características únicas da atividade financeira baseada em blockchain, enquanto os tribunais lidam com as complexidades jurisdicionais e probatórias dos fluxos de ativos descentralizados.
source – cryptoslate.com