Stablecoins como o USDT tornaram-se uma ferramenta financeira fundamental na América Latina que ajuda os cidadãos a navegar na volatilidade económica persistente, de acordo com o relatório de adoção global da Chainalysis.
A região, que representa 9,1% do valor criptográfico global recebido, experimentou um crescimento substancial este ano, impulsionado em grande parte pelo aumento do interesse institucional e pela adoção de ativos digitais pelos consumidores.
De julho de 2023 a junho de 2024, a América Latina recebeu quase US$ 415 bilhões em criptomoedas, colocando-a ligeiramente à frente da Ásia Oriental na atividade global de criptomoedas, apesar dos números de adoção mais baixos.
A Argentina liderou a região com US$ 91,1 bilhões em valor criptográfico recebido, seguida de perto pelos US$ 90,3 bilhões do Brasil. O Brasil viu uma atividade institucional renovada, com um aumento de 48,4% nas transações de alto valor entre o quarto trimestre de 2023 e o primeiro trimestre de 2024.
As stablecoins indexadas ao dólar americano, em particular, têm desempenhado um papel central na oferta de proteção contra a inflação em países como a Argentina e o Brasil, onde as moedas locais se depreciaram acentuadamente.
Estabilidade financeira
As stablecoins tornaram-se uma tábua de salvação para os cidadãos de países que enfrentam instabilidade económica. Na Argentina, a inflação disparou para 143% em 2023, levando muitos a procurar alternativas para proteger as suas poupanças da desvalorização do peso argentino (ARS).
O relatório observou que o uso de stablecoins aumentou, especialmente na sequência das medidas económicas de “terapia de choque” do recém-eleito presidente Javier Milei, que desvalorizaram o ARS em 50%.
Dados da Bitso, uma bolsa regional líder, mostram que os volumes de negociação de stablecoins dispararam após eventos econômicos importantes. Por exemplo, quando o ARS caiu abaixo de US$ 0,002 em dezembro de 2023, os volumes de negociação de stablecoin ultrapassaram US$ 10 milhões no mês seguinte.
A dependência da Argentina de stablecoins se reflete ainda em sua participação de 61,8% no volume de transações de stablecoins da região, superando os 59,8% do Brasil e a média global de 44,7%.
Atividade institucional
Enquanto isso, o Brasil viu um ressurgimento significativo da atividade criptográfica institucional após um declínio temporário no início de 2023.
De acordo com o relatório Chainalysis, o país testemunhou um aumento de 29,2% nas transações de porte institucional – acima de US$ 1 milhão – entre os dois últimos trimestres de 2023, com um salto adicional de 48,4% entre o quarto trimestre de 2023 e o primeiro trimestre de 2024. .
Especialistas atribuem essa recuperação à aprovação dos ETFs Bitcoin e Ethereum pela SEC em janeiro, o que despertou o interesse em ativos digitais entre investidores institucionais.
O relatório também destaca o envolvimento de grandes instituições financeiras, incluindo a entrada de players globais como a Circle, que lançou sua stablecoin USDC no Brasil em maio.
Este interesse crescente é ainda apoiado pelo ambiente regulatório inovador do Brasil, com iniciativas como o programa piloto Drex — uma plataforma híbrida de moeda digital do banco central (CBDC) — atraindo a atenção global.
À medida que os mercados criptográficos da América Latina continuam a evoluir, as stablecoins estão preparadas para desempenhar um papel crucial no fornecimento de estabilidade financeira, especialmente em países que enfrentam inflação e desvalorização cambial.
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source – cryptoslate.com