A equipe de Milton Keynes entra na nova campanha após sua temporada de F1 mais bem-sucedida desde 2013, tendo conquistado os dois títulos mundiais em um ano dominante em que Max Verstappen venceu 15 das 22 corridas.
Nem tudo foi tranquilo, no entanto, com uma violação do limite de custo da F1 e as ordens da equipe dentro da equipe, ofuscando um pouco o final da temporada da Red Bull.
Ao conquistar títulos mundiais consecutivos, Verstappen já se consolidou como o ‘piloto alfa’ da Red Bull, mas a equipe também precisará manter Sergio Perez feliz para garantir outra temporada de sucesso.
A última coisa que a Red Bull precisa é de seus pilotos tropeçando uns nos outros e, portanto, evitar uma briga que se espalhe até 2023 será uma de suas principais prioridades.
A Red Bull já esteve aqui antes. Sebastian Vettel e Mark Webber tiveram um relacionamento desagradável às vezes enquanto companheiros de equipe da Red Bull, levando a colisões na pista e brigas fora da pista.
Vettel era regularmente favorecido em detrimento de Webber durante suas batalhas pelo título e o australiano não teve medo de deixar claro seus sentimentos sobre o assunto, sublinhado por sua famosa mensagem de rádio ‘nada mal para o número dois’ após vencer o Grande Prêmio da Inglaterra de 2010.
As relações entre os dois continuaram a azedar, levando à corrida mais polêmica da Red Bull no Grande Prêmio da Malásia de 2013, quando Vettel desobedeceu às ordens da equipe para manter a posição atrás de Webber – que ficou conhecida como a saga ‘multi 21’. O chefe da equipe Red Bull, Christian Horner, sugeriu mais tarde que Vettel queria vingança por Webber espremê-lo em direção ao pitwall no início do Grande Prêmio do Brasil no final de 2012.
Tons desse incidente foram repetidos no Brasil no ano passado, embora em menor escala, com Verstappen se recusando a devolver a posição a Perez no que foi supostamente uma retaliação por ter ficado chateado com a queda de seu companheiro de equipe em Mônaco meses antes.
A Red Bull foi rápida em minimizar o incidente e insistiu que os dois pilotos seguiram em frente após conversas claras. Notavelmente, ao explicar o polêmico final, a equipe defendeu as ações de Verstappen.
Não é a primeira vez que a Red Bull apoia seu piloto estrela.
A história vai se repetir?
Uma das maiores dúvidas em 2023 é se o Brasil será o fim do assunto ou um sinal do que está por vir?
Muito acabará por depender de Perez.
Em primeiro lugar, e sem dúvida o mais crucial, Perez é capaz de montar um desafio sustentado para Verstappen – algo que ele não conseguiu fazer até agora – e em segundo lugar, ele estará disposto a ajudar Verstappen novamente?
Perez se sentiu decepcionado com a recusa de Verstappen em deixá-lo passar no Brasil, respondendo após a corrida: “Depois de tudo que fiz por ele, é um pouco decepcionante para ser honesto”.
Afinal, Perez ajudou Verstappen em muitas ocasiões, principalmente na batalha pelo título do holandês contra Lewis Hamilton em 2021.
Enquanto alguns pilotos aceitaram um papel subordinado contra um companheiro de equipe superior, Perez parece menos disposto a simplesmente se tornar conhecido como um ‘ala’.
O mexicano continua inflexível que pode ganhar um campeonato com a Red Bull, mas para isso ele sabe que terá que primeiro vencer Verstappen.
O pai de Perez, Antonio, chegou a avisar Verstappen que seu filho encerrará seu reinado como campeão da F1, acrescentando o “melhor de Checo Perez, ainda não vimos”.
E o Ricciardo?
Há outro fator a considerar em tudo isso – Daniel Ricciardo.
Ricciardo voltou à Red Bull como o terceiro piloto da equipe em 2023, depois que a McLaren rescindiu seu contrato um ano antes, após duas campanhas abaixo do esperado.
O australiano está determinado a garantir uma vaga competitiva em tempo integral no grid da F1 para 2024, embora a Red Bull não tenha pensado em dar isso a ele. Verstappen está vinculado a um contrato de longo prazo, enquanto Perez está em um acordo até o final de 2024.
No entanto, se as tensões surgirem e Perez se recusar a jogar o jogo da equipe, Ricciardo estará esperando nos bastidores para substituí-lo. Isso certamente estará na mente de Perez na nova temporada.
Mas Ricciardo já esteve no lugar de Perez antes. Embora tenha entregado suas melhores performances na F1 para a Red Bull, o surgimento de Verstappen como uma superestrela levou a elementos de conflito entre os dois.
Enquanto Verstappen e Ricciardo saíram da pista, as tensões na pista aumentaram com uma colisão espetacular no Grande Prêmio do Azerbaijão de 2018, que evocou memórias do acidente de Vettel e Webber na Turquia em 2010.
No final das contas, Ricciardo deixou a Red Bull no final daquela temporada, com Horner sugerindo que sua mudança para a Renault foi influenciada pelo medo de que ele acabasse em um “papel de apoio” para Verstappen.
Resta saber se Perez aceitará ser o segundo violino de Verstappen ou resistirá e correrá o risco de ser expulso da Red Bull.
source – www.crash.net